sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

FILMAR E/ OU GRAVAR


FILMAR E/ OU GRAVAR

Considerando a etimologia, filmagem e gravação são a mesma coisa.
Tanto a película cinematográfica quanto as fitas magnéticas são compostas de um suporte recoberto de uma emulsão sensível, seja fotográfica ou magnética, à qual se chama um “filme”. Por outro lado, a imagem fotográfica, tanto quanto a magnética, é impressa, registrada ou “gravada” nesse material. Ou seja, tecnicamente, qualquer um destes dois termos pode ser utilizado indiferentemente em qualquer dos casos.

Trata-se sempre, em qualquer caso, de uma “captação de imagens”. O uso tradicional, por sua vez, estabelecia como filmagem o registro das imagens e por gravação o registro dos sons, o que facilitava a comunicação no decorrer de uma produção audiovisual.

Mas gravar é diferente de filmar!

A chegada do sistema de vídeo na televisão e o processo de trabalho ao qual ele esteve vinculado inicialmente (e que se prolonga ainda hoje), deu ao registro magnético de imagens certas características próprias do meio televisivo; um meio onde predomina o estilo reportagem, onde tudo é produzido numa velocidade incompatível com o estilo tradicionalmente artesanal da técnica cinematográfica.

Assim, o sentido de “gravar” foi aliado a um processo rápido e, além disso, com características influenciadas pelo fato de que a fita magnética pode ser regravada, ao contrário do filme onde o registro é definitivo. Esse diferencial influencia diretamente a forma de trabalho dos técnicos envolvidos em cada um desses processos, gerando comportamentos com certas características predominantes que têm sido notadas pelos profissionais das duas áreas, sempre que há um intercâmbio entre elas. Hoje é muito difícil se vincular os profissionais a qualquer um dos processos exclusivamente.

Com isso passamos a ver significados especiais aliados aos dois termos. Quando se grava, registra-se apenas, friamente, o que se encontra na frente da câmera, de forma documental (é o registro de imagens mais barato e menos elaborado).

Já quando se filma, não podemos fazer isso com a mesma leviandade do vídeo; aqui nenhum cuidado será desprezado, pois o filme “é caro”. Filmando, selecionamos, angulamos, enquadramos e iluminamos com outro “respeito”. Aqui nós pensamos na filmagem de algo especial, em contraposição ao cotidiano das gravações do vídeo.

Essas diferenças nascem do respeito maior ou menor que se tem pela ferramenta de trabalho. Não apenas o filme, mas todo o conjunto de instrumentos envolvido no processo cinematográfico é mais caro (câmeras, lentes, etc.) Isso muda a postura do profissional. Dessa forma, quando nos utilizamos do vídeo num trabalho de nível cinematográfico, podemos e devemos dizer que filmamos!
Extraído da apostila de Introdução à Fotografia de Cinema - Ernani Bessa

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